quinta-feira, 29 de abril de 2010

Silenciosa festa da Democracia.


Mais uma eleição presidencial se aproxima, e com ela, as pesquisas mentirosas de opinião pública. Dentro do curso de Comunicação Social, estuda-se uma matéria chamada "Teoria da Comunicação I". Nela, é apresentada a teoria da Espiral do Silêncio. Essa teoria, que começou a ser estudada nos anos 60, foi proposta a partir de estudos feitos pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann sobre o efeito dos meio de comunicação de massa. Noelle-Neumann percebeu que durante a reta final das eleições na Alemanha, em 1965 à 1972, ocorreu mudança na opinião dos eleitores. Os estudos mostraram que ao mudar de opinião, esses eleitores buscavam se aproximar das opiniões que eles julgavam ser dominantes.

Ou seja, pessoas que ocupam posições minoritárias, tendem ao silêncio ou mudam de opinião por medo do isolamento. Não farei campanha para nenhum(a) candidato(a). Mas se você pesquisou suas propostas e acha que ele(a) é a escolha certa, vote. Não guie-se por falsas campanhas de opinião. Elas servem apenas para manipular a sociedade. Não votem em branco. Vocês estarão, assim, jogando fora seu direito de cobrar caso algo não dê certo no futuro. Não esqueçam: o primeiro turno da grande "festa da democracia" acontecerá no dia 3 de outubro. Até lá, mantenham suas opiniões e não tenham medo do isolamento. Digam não ao silêncio!


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Álbum de figurinhas de escalada.


A nova febre do momento é colecionar as figurinhas do álbum da Copa do Mundo FIFA 2010. Pessoas de todas as idades e classes sociais já aderiram à nova moda. Pedro Gomes, caçula da Família Buscapedra, gastas todas suas economias em dezenas de pacotes de figurinhas. Segundo fontes seguras, o ex-membro da Seleção Brasileira Juvenil foi visto perambulando por centenas de bancas, na cidade de Niterói (RJ), atrás dos cromos. Há ainda rumores de que o jovem atleta niteroiense anunciou a venda de seus materiais de escalada em sites do mercado negro afim de arrecadar mais verbas para sustentar esse novo vício. Brincadeiras a parte, para se ter uma noção da proporção que essa febre está tomando, recentemente foi veiculada a notícia de que assaltantes roubaram 135 mil figurinhas em Santo André, na região do ABC, em São Paulo.

Caguei para esse álbum! Mas resolvi postar sobre esse assunto porque ele me fez refletir sobre uma possibilidade. Já pensaram o quão legal seria se tivesse um álbum de figurinha de escalada? Já pensei em tudo! Assim como o da Copa, esse álbum seria separado por países. Em cada um teriam três subdivisões: esportivas (boulder e vias), tradicionais (hard grit, big walls, vias longas e alta montanha) e ambas. Entrariam para o álbum os 15 melhores escaladores de cada país. Haveria uma sessão dedicada às principais áreas de escalada - tanto de esportivas, quanto de tradicionais. Seria colocado ainda no álbum os melhores produtos eleitos pelo público no ano anterior. Teria ainda um cartão que você responderia para concorrer a viagem para o pico dos seus sonhos.

Nem preciso dizer que os mestres da escalada como Wolfgang Güllich, Dan Osman, John Bachar, John Gill, Fred Nicole, Dean Potter seriam figurinhas brilhantes, não é? Seria sucesso garantido, não tem chance de dar errado. Já posso até imaginar: "Só troco o Fred Nicole por 5. Podem ser o Patxi, Lisa Rands, Sharma, Koyamada e Loskot"; "Falta apenas o 'Belê' e o 'Rafinha' para eu completar o Brasil"; ou "Troca uma Anazazi Velcro por Hueco Tanks?". Aí Panini, fica a dica!

Post ao som de Lil Wayne - A Millie.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eu sou profissional?


É normal as pessoas perguntarem para mim se eu e meu irmão somos "escaladores profissionais". Confesso ficar receoso para responder e ser mal compreendido. Mas respondo sempre a mesma coisa: "sim!". Porém, após a afirmação, faço uma breve explicação. Ser profissional não quer dizer necessariamente que você é o melhor na sua profissão ou esporte. Sempre procurei ser o mais profissional possível dentro da escalada. E é isso que passei para o caçula da Família Buscapedra. Aprendi com meu pai que profissionalismo é ser humilde, reconhecendo seus erros e aprendendo com todos escaladores, desde o mais experiente até o iniciante; ser responsável, cumprindo com todos seus deveres esportivos e sociais; e acima de tudo, amar o que faz independente de qualquer coisa.

Mas ainda assim, mesmo depois dessa explicação, as pessoas ainda não compreendem - por se tratar de um esporte amador como a escalada. "Mas vocês não ganham dinheiro com isso, como podem ser profissionais?". De fato não ganhamos nenhuma moeda, porém o profissionalismo está além do valor financeiro. Para facilitar o compreensão, costumo utilizar o futebol como referência. Pergunto-lhes: "para vocês, o jogador Adriano é profissional?". Com medo de falar besteira, elas tendem ao silêncio, porém respondem um tímido "acho que sim". E eu explico. Hoje ele não é um profissional. Ao meu ver, a partir do momento que ele começou a se meter em consecutivos escândalos, ele perdeu sua total credibilidade perante a sociedade. Ele é rico? É! Ele é famoso? É! Mas é uma pessoa que demonstra uma infelicidade pessoal e não desempenha as funções que é encarregado. Ou seja, não tem profissionalismo.

Hoje o atleta tem a função de se tornar um espelho de bem-estar e saúde para todas as gerações. Eu não gostaria que um filho meu se parecesse com o Adriano. Mas quem não gostaria de ter um filho como o César Cielo? Está ai um cara que eu considero profissional! E não é porque hoje ele é o recordista mundial nos 50 e 100 metros em piscina olímpica. Mas sim por ser um atleta responsável, humilde e que ama o que faz. Para não fugir muito da escalada, aproveito a oportunidade para citar um escalador que considero ser, atualmente, o mais profissional de todos: Eliseu Frechou. Com 25 anos dedicados ao esporte, Eliseu nunca mandou v13 ou 11a - e nem sei se isso é uma meta para ele -, mas cumpre com suas tarefas e é bastante elogiado por seus patrocinadores. Parabéns Eliseu, seu profissionalismo é uma inspiração para todos nós da Família Buscapedra.

Post ao som de Goldfinger - Superman.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ego Esportivo.

[Ego: sm (lat ego) Psicol Experiência que o indivíduo possui de si mesmo, ou concepção que faz de sua personalidade; em psicanálise, apenas a parte da pessoa em contato direto com a realidade, e cujas funções são a comprovação e a aceitação dessa realidade. V id e superego.]
Recentemente uma batalha, travada entre o escalador finlandês Nalle Hukkataival e o americano Chris Sharma, trouxe mais uma vez o tema "ego na escalada esportiva" em discussão. O blog da Família Buscapedra reportou essa notícia em um apanhado geral da confusão. Porém, em um primeiro momento, não quis expor a minha opinião sobre o fato, já que admiro os dois escaladores. Esperei ler outros artigos para formar uma opinião justa, ao meu ver, sobre essa situação. Como sempre, vai ter um ou outro que vai questionar, criticar, mas tudo bem.

Penso que se o discurso do Sharma tivesse sido mais amigável, acredito que o Nalle teria concedido mais tempo para o americano tentar o projeto sem problemas. Mas acredito que Sharma perdeu a razão ao liberar a via somente para os seus amigos - Dave Graham e Dani Andrada. Aprendi que tudo nessa vida depende de como expomos nossos pensamentos e vontades. Se eu percebesse, por exemplo, que o F.A. de um boulder/via é tão importante para um amigo, daria toda vibração e tempo para ele encadenar o projeto. Pronto! Simples! Para nós brasileiros, a prática do Red Tag é algo inaceitável. Mas segundo artigo escrito pelo Kalango, os gringos pensam bem diferente de nós em relação à isso. Porém proibir uma pessoa de tentar um projeto simplesmente por ego, é algo que nenhum escalador jamais deveria compactuar. Espero que práticas como essas nunca cheguem em terras Tupiniquins.

domingo, 11 de abril de 2010

Chris Sharma contra o seu ego.


Chris Sharma em mais uma tentativa da "First Round, First Minute". Foto: Brett Lowell/Big Up.

Nas últimas semana uma discussão tem tomado conta do universo da escalada esportiva. O motivo: um desentendimento entre os escaladores Chris Sharma (EUA) e Nalle Hukkataival (Finlândia). Tudo começou quando o finlandês decidiu viajar para a Espanha para trabalhar um projeto equipado por Sharma, conhecido como "First Round, First Minute". Dizem que a via, situada no setor Laboratori de Margalef, será graduada em 12b (9b) pelo menos. Segundo Nalle, a vontade de trabalhar essa via surgiu depois do escalador ter visto algumas tentativas do próprio Sharma no filme da Big Up Productions, o Dosage V. O estilo boulderístico da via foi o outro motivo que dispertou o interesse do finlandês, que é 3º colocado no ranking mundial de boulder do 8a.

De acordo com notícia veiculada no site da Desnivel, Sharma teria pedido para Nalle esperar antes de entrar na "FR, FM" pois ele queria mais tempo para trabalhar a via e tentar a primeira ascensão (F.A.). Pelo visto, a via está "fechada" somente para o finlandês, já que alguns amigos do norte-americano tiveram o prazer de testar a via, como o seu compatriota Dave Graham e o espanhol Dani Andrada. Nalle evitou problemas e tentou umas outras vias na mesma falésia e depois decidiu escalar algumas mais longas para melhorar sua resistência. Porém o finlandês fez uma declaração bem direta para Sharma. Nalle disse que "se você quiser reservar seu projeto, não o coloque no próximo filme da Big Up, e se colocar, não deixe as pessoas pensarem que ele está aberto para as tentar para elas não terem que percorrer um longo caminho para depois fechar de repente".

O finlandês Nalle Hukkataival é hoje um dos melhores escaladores de boulder do mundo. Foto: Divulgação.

Essa discussão levantou uma polêmica antiga: "quem equipa/conquista uma via, tem o direito de fazer o F.A?". Sou um grande fã do Sharma por todas as quebras de barreiras dentro da escalada que ele realizou, mas acho que o ego dele está na estratosfera. A real é que de acordo com várias declarações, ele nunca se mostrou também ser o mais humilde dos escaladores. Mas fechar uma via e embarrerar um escalador de tentar um projeto em função do ego? Isso tudo por um F.A? - Feijão com Arroz (como diz a galera de Cocal). É Sharma, acho que você - que se julga um budista - deveria aprender e refletir mais sobre as palavras da Sua Santidade:
"O orgulho é destrutivo. A humildade, ao contrário, é construtiva e nos torna felizes por contarmos com a ajuda dos outros" (Sua Santindade, O Dalai Lama)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Viva a Teoria do Medo!


As pessoas vivem em função do medo. Aliás, não vivem. E isso de certa forma me incomoda bastante. Na tarde desta quarta-feira (8), deu-se início a uma onda de terror em Niterói e no Rio. Informações sobre arrastões e saques chegam a todo o momento. Em Niterói, o comércio da zona sul e do centro estão todos fechados no momento. A polícia nega a onda de arrastão, dizendo que o que ocorreu foi um simples protesto. De fato, ocorreram saques, mas as pessoas, em pânico, noticiam coisas absurdas que, como uma bola de neve, só vai aumentando.

Veicula-se a informação de que estão ocorrendo roubos e espancamento nas ruas de Niterói. A todo momento no Twitter e no Facebook, as pessoas noticiam mensagens de alerta misturadas com gritos de pânico! Tiroteios acontecem nos quatro cantos da cidade. Será que é tudo isso que estão dizendo? Então por que nada foi noticiado nos veículos de comunicação de massa? É mais fácil o "sistema" instalar o medo, manipulando as ações e raciocínios de todos. É assim desde que o mundo é mundo. E é, exatamente, assim que agem as religiões. Educação a partir do medo.

Estudos na área de comunicação já pesquisavam sobre o medo. A Espiral do Silêncio, por exemplo, já trabalhava com o medo do isolamento. As pessoas têm medo de ficarem sozinhas, de morrer, de perder o que possuem. Medo de viver! O medo nos protege, mas nos priva também de muita coisa boa. A verdade é que mais uma vez, a clássica brincadeira do "telefone-sem-fio" fez mais uma vítima. Ou melhor, para ser mais exato, 479.384 vítimas. A Indústria do Medo agradece, povo niteroiense.

Leia mais sobre a Indústria do Medo aqui.

Post ao som de O Rappa - A Minha Alma.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Rio enfrenta pior chuva dos últimos 40 anos.


Uma forte chuva vem castigando a região metropolitana do Rio de Janeiro desde a tarde da última segunda-feira (5). Segundo a Defesa Civil, até o momento, foram registradas cerca de 95 mortes no Estado. 48 só na cidade de Niterói. As mortes foram causadas, em sua maioria, por desmoronamentos de terra em comunidades carentes da região. A chuva, que já dura mais de 24 horas, é a pior dos últimos 40 anos. O relevo carioca também contribui para desgraças naturais como essa. As águas descem pelas encostas com muita pressão e encontra uma barreira criada pela subida da maré. Com isso, as àguas da chuva ficam represadas na pequena faixa de terra entre o mar e os morros, contribuindo assim, para o alagamento geral da cidade.

O mau tempo tomou conta de toda região metropolitana do Rio de Janeiro. Foto: Cláudio Brisighello.

Graças a Deus, nenhum conhecido da Família foi atingido por nenhum acidente. Em uma comunidade carente próximo ao condomínio onde moro, houve desmoronamentos e uma família morreu em função deste acidente. Desde a tarde desta terça-feira (6) acontece aqui - no condomínio - uma campanha de doação de alimentos e roupas para os necessitados desta comunidade. Qualquer um que quiser, pode ajudar. Basta mandar uma mensagem para o e-mail: caionikiti@ig.com.br. Ainda há pessoas embaixo dos escombros em Niterói, porém com a chegada da noite, as equipes de busca suspenderam os trabalhos e retornarão na manhã da próxima quarta-feira (7). A previsão é de mais chuva para toda a região.

A Família Buscapedra adotará o luto decretado pelo prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira. Esse post terá uma angulação mais séria e sem traços de humor em respeito à todas as vítimas. Que Deus esteja com os todos os necessitados.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quem precisa do "mono"?


Há meses não atualizo o blog da Família Buscapedra. O motivo? A maldita monografia. Recentemente estava conversando com um amigo e cheguei a seguinte conclusão: nada que tenha o prefixo "mono" é bom. Vejam só. Monografia é uma merda - e olha que somos nós quem escolhemos o tal "tema". A monografia ou TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), como também é conhecida, ocupa nosso tempo de uma forma absurda. Mas enfim, um mal necessário. Outra palavra composta pelo prefixo bem odiada pela maioria dos escaladores é "monodedo". Ô trocinho ruim! Tem uns que gostam tanto que conquistam uma via repleta dessas coisas. E se tem um inferno na terra, com certeza é a "Action Directe" (11c).

O escalador checo, Adam Ondra encadenando a via Action Directe. Foto: Divulgação.

Um pouco de história.

Localizada na falésia de Frankenjura, na Alemanha, a "Action Directe" é uma das mais famosas vias esportivas do mundo. A via recebeu seu F.A. (First Ascent, ou, primeira ascensão) em 1991, pelo lendário escalador alemão, Wolfgang Güllich. Pelo o que se tem registrado, há no mundo apenas 11 felizardos - contando com Güllich - que colocaram a via no caderninho. São eles

  • Alexander Adler (09/09/95)
  • Iker Pou (07/06/00)
  • Dave Graham (21/05/01)
  • Christian Bindhammer (14/05/03)
  • Rich Simpson (13/10/05)
  • Dai Koyamada (15/10/05)
  • Markus Bock (22/10/05)
  • Kilian Fischhuber (25/09/06)
  • Adam Ondra (19/05/08)
  • Patxi Usobiaga (24/10/08)

A via possui uma sequência de 16 movimentos graduada em 11c (9a ou 5.14d). Porém os escaladores Dai Koyamada e Rich Simpson realizaram a cadena da via com apenas 11 movimentos. Mas o grau continuou o mesmo.

É por essas e outras que esse tal de "mono" só atrapalha nossas vidas. É um tal de monotonia, monogamia...

Post ao som de Sublime - Jailhouse.